Nada que tenho feito na vida se compara ao que a mim chegou através do tempo. Acho que eu dormia e por isso não encontrava. E me acostumei com um espaço vazio que esperava. Suspeitei que esse espaço o destino preencheu com alguém que se supera em sua beleza íntegra humana. Eu perguntei se você existe, alma inteira. Existe, e às vezes esquece que lhe digo a verdade apenas, porque tua descrença lança ao longe essa verdade pela tua dificuldade em acreditar, e ao não resistir minha docilidade agora, recupera tal verdade. Eu existo, evidentemente! Porque o destino conspirou, e em dádivas nos transformamos porque nos vemos assim. Não sou magia, e nem ela me rodeia para que planeje conquistar alguém, ao certo, e não sei o caminho, se o coração não estiver aberto. Não coleciono corações, mas sentimentos, e o que eu ganho são ternuras particulares que cabem dentro do que sou. Por você ou por quem for, não prometo nem premedito sensações, não racionalizo ou pretendo encorajar-me a ter como alvo tocar o íntimo, pois, quando saberei ser confiante a ponto de conhecer sistemas tão distantes daquilo que domino?
2006