Foi ao deitar no teu colo...
Busquei um afago, um alívio, um consolo que possui a cor de uma carência.
Senti-me estranha, com um ar de mistério, como um profundo mar
que não se ganha.
Sufoquei meu choro mesmo sabendo que ali eu poderia extravasar qualquer sentimento.
Fui além de um momento e secaste as minhas lágrimas por dentro derramadas.
Fui além do colo, das distâncias e sonhos e uma ilusão quase se tornou parte de mim, tão acesa assim, sem receios, sem negar o que sinto,
sem omitir meu riso, tornando-me parte do teu gosto.
Assim será ao deitar no teu colo.
1997
Busquei um afago, um alívio, um consolo que possui a cor de uma carência.
Senti-me estranha, com um ar de mistério, como um profundo mar
que não se ganha.
Sufoquei meu choro mesmo sabendo que ali eu poderia extravasar qualquer sentimento.
Fui além de um momento e secaste as minhas lágrimas por dentro derramadas.
Fui além do colo, das distâncias e sonhos e uma ilusão quase se tornou parte de mim, tão acesa assim, sem receios, sem negar o que sinto,
sem omitir meu riso, tornando-me parte do teu gosto.
Assim será ao deitar no teu colo.
1997
Um comentário:
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
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